Começo esta newsletter semanal com um pedido de desculpas aos nossos leitores, pois o Imprensa Falsa errou. No início desta semana, foi noticiado o seguinte:
Cofundador da Altice ofereceu ao juiz mais velocidade de internet e canais premium
O problema é que esta notícia acabaria por se tornar verdadeira. Segundo o Correio da Manhã, “milionário diz a magistrados que têm ordenados miseráveis e ‘oferece-se’ para pôr a Meo em Mação, onde mora Carlos Alexandre, se não for para a cadeia”. A notícia do Imprensa Falsa foi uma semana antes desta, do Correio da Manhã, ainda nem os altiços tinham sido ouvidos.
Muitos órgãos de comunicação social gostam de se apresentar como os primeiros. Pois bem, o Imprensa Falsa noticia os acontecimentos antes mesmo de eles terem lugar. Não se trata de ser o primeiro, mas o antes.
Ainda assim, o IF deu uma informação verdadeira e por essa razão apresento as minhas mais sinceras desculpas. Um estagiário, que nem tinha nada a ver com o assunto, foi convidado a assumir as responsabilidades, tendo sido imediatamente dispensado.
Entretanto, com as Jornadas Mundiais da Juventude cada vez mais perto, ficou a saber-se que:
Papa vai dormir no altar-palco por considerar pecado dar 1000 euros por um quarto para se ver a ele próprio
“Vou dormir no altar-palco, que também deve ter uma suite, aquilo tem tudo”, comenta Francisco, “não vou é dar 1000 paus por um quarto para me ver a mim próprio, é uma loucura”.
Noutras notícias, a semana acabaria por ficar marcada pelas buscas a casa de Rui Rio, que deixou a Polícia Judiciária à espera durante 3 horas. O ex-líder do PSD dorme com tampões nos ouvidos e pelos vistos resulta. O Imprensa Falsa sabe que muitas pessoas passaram a dormir com tampões nos ouvidos. A dormir e não só, agora andam sempre com tampões nos ouvidos, mesmo durante o dia.
Quanto a Rui Rio, explicou então que não abriu logo a porta à PJ pelas mesmas razões que deu a maioria ao PS: “Estava a dormir”.
Mas se Rui Rio dorme como um bebé, há um criança que não dorme como um Rui Rio, levando a sua amorosa mãe a submergi-la em água fria para calar as birras. O tema acabaria por também marcar a semana e ainda está a dar que falar. Um ex-líder político, já com uma certa idade, que não acorda nem com a polícia a bater-lhe à porta, e uma criança que obriga a sua pacata mãe a levar a cabo procedimentos de tortura.
O caso chegou ao conhecimento do país não na sequência de denúncias anónimas e escutas telefónicas, como seria de supor, mas porque a mamã influencer explicou tudo no seu Instagram. Gravou-se a explicar como torturava a criança com choques térmicos. Entretanto teve de encerrar a sua conta, o que é pena, pois contávamos saber como dá os choques eléctricos para a obrigar a comer a sopa.
Uma nota importante. Ao que parece, a submersão não era completa, mas apenas até ao pescoço da criança. Só para ninguém pensar que a senhora é um monstro.
Entretanto, as autoridades intervieram e estão a investigar. Não todas as autoridades, porque:
Governo condena mas também vai experimentar mergulhar os portugueses em água fria para ver se param de se queixar
“Consideramos que há riscos, que não estamos perante as melhores práticas, mas caramba, se a senhora diz que resultou, não custa tentar”, justificou o executivo, numa nota em que se anuncia que os portugueses vão ser mergulhados em água fria.
Também esta semana, o IF voltou a fazer um importante alerta que pode ter impacto nas suas finanças:
Pense bem antes de dizer “a minha praia” pois pode ser notificado para liquidar o respectivo IMI
No dossier cultura, notícias que chegavam do Porto davam conta do despejo do centro comercial STOP, utilizado essencialmente por músicos. A falta de licença ditou uma operação policial que esvaziou o espaço. Fontes próximas garantem que, enquanto a PSP cumpria o mandato, a banda continuou a tocar.
Quando se soube da notícia, foram muitos os que acusaram a autarquia, mas o IF sabe que a origem da denúncia foi outra:
Stop: Intervenção foi provocada pelos próprios músicos, que estavam a ensaiar “Chamem a Polícia”
E dois dias depois:
Câmara do Porto está a ser despejada porque também andam a dar música num edifício que pode ser um hotel
Regressando à política nacional, debateu-se esta semana, no Parlamento, o estado da nação. Desta vez, para variar, o debate foi sobre outra nações e não necessariamente sobre Portugal.
“Que ninguém tenha dúvidas sobre o nosso amor à pátria, mas que diabo, há quase 200 países do mundo e ainda o Reino do Pineal, não temos de estar sempre a falar do rectângulo”, afirmou o presidente da Assembleia, que procedeu logo à votação da ideia.
Ainda bem que assim foi, porque evitou-se uma notícia económica muito preocupante e que dá conta que:
Portugal já foi ultrapassado pelo Reino do Pineal
Mas regressemos ao caminho da luz até à Jornadas Mundiais da Juventude, porque as autoridades deixaram alertas importantes esta semana.
Jornadas Mundiais da Juventude: ASAE vai estar atenta à transformação de água em vinho
E por falar em milagres:
Homem identifica-se como alga e mete-se no biquíni de uma banhista
Em Belém, lá se reuniu finalmente o Conselho de Estado. Depois de várias crises e ameaças de dissolução, chegou finalmente o dia de o Presidente da República se reunir com os seus conselheiros. As relações entre Belém e São Bento continuam difíceis e a preocupação do primeiro-ministro com este encontro era enorme. Felizmente, lembrou-se de uma coisa.
Conselho de Estado termina antes de começar depois de Costa propor um brinde com moscatel
O Imprensa Falsa já conseguiu falar com o Chefe de Estado, que já realizou exames. “Está tudo bem, isto o que se passou foi que só tinha comido um rissol”, explicou, “e o senhor primeiro-ministro quis quebrar o gelo, mas também me quebrou a mim”.
Por fim, novamente a cultura. Esta semana estrearam dois filmes, Oppenheimer e Barbie. O primeiro conta a história de um homem que inventa uma bomba e percebe, certo dia, que ela foi levada de Tancos. O ministro apressa-se a dizer que “no limite, nunca houve bomba”, mas o engenho acabaria por ser descoberto na Chamusca.
Já a Barbie, não é um filme para crianças, só para se ter noção de como o mundo está ao contrário.
Os dois filmes tiveram para Simplício, exigente crítico de cinema do Imprensa Falsa, -5 estrelas, chegando a arremessar objectos contra o ecrã do cinema. “Não há cinema desde o Chaplin”, lamenta.
Está feito o resumo de uma semana difícil, com buscas, jornadas, seitas, banhos de água fria, debates, bombas e bonecas. O IF aproveita o momento para solicitar o apoio dos leitores, seja com a subscrição paga desta newsletter:
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Votos de uma excelente semana. E de férias, se for caso disso.